29 junho 2013

A 1ª agulha quebrada


Aos 10 anos eu brincava de costurar na máquina de minha mãe. No início era escondido pois não queria que ela brigasse comigo. A máquina era uma antiga Singer preta com desenhos dourados, embutida num móvel de madeira com gavetas cheias de linhas e bobinas, os pés eram de ferro fundido, com pedal e a correia escapava de vez em quando. 

A máquina fora comprada para minha irmã mais velha (na época com 21 anos) que estava aprendendo a costurar numa escola perto de casa. Eu adorava ir junto nas lojas escolher tecidos, sentir o cheiro da tecelagem, o barulho da tesoura quando cortava a fazenda (era como se dizia na época) e depois , em casa, observava minha irmã moldando e costurando. Ela fez batas para mim e minha irmã mais nova e outras coisas mas, infelizmente, minha irmã não gostava das aulas de costura e em pouco tempo ela deixou de ir ao curso e de costurar.


Eu tentava costurar roupinhas para minha boneca Lucy - uma vintage do final dos anos 60  - usava sobras de tecido jogadas fora e fazia vestidinhos, calças e blusas para a boneca. Traçava o molde em volta dela, cortava, costurava à mão na maioria das vezes e algumas vezes usava a máquina. No começo não dava certo porque errava na modelagem até perceber que tinha que deixar margens para a costura. 


Errando acabei aprendendo esse detalhe para nunca mais esquecer. 


Imagem ilustrativa
Ano 1925, Violeta Trundle costurando com uma Singer

Um dia estava costurando à máquina e forcei até ouvir um crec...quebrei a agulha da máquina!! 
Ahh!! a 1ª a gente não esquece!! 

Na época eu não sabia o que aconteceu e pensava:


E agora? O que aconteceu? quebrei a máquina? 
Não funcionará mais?? 


...E contei para minha mãe o que havia acontecido. Ela bronqueou ao mesmo tempo que trocava a agulha, o que para mim foi como fazer mágica!! Apesar da bronca, a minha alegria voltou afinal o  "brinquedo" estava consertado porém recebi ordem de não mexer na máquina. 

Por um tempo obedeci mas...depois voltei a usá-la porém com mais cuidado para não quebrar agulha e também não queria mais esconder de minha mãe. Conforme fui crescendo, outros rumos na vida foram surgindo, deixei de lado a boneca que brinquei até os 14 anos, larguei os tecidinhos e o brincar de costureira. 


Hoje, lamento não ter guardado a boneca, nem as 1ªas roupinhas que fiz para ela e principalmente por não ter persistido nas costuras apesar de minha irmã abominar a costura (até hoje) e minha mãe, igualmente, não se interessar, deveria ter persistido por conta própria. Por isso, admiro quando alguém diz ter aprendido a costurar com a mãe, tia ou avó. Não sei se é somente impressão mas acho que costurar em família, ajuda a unir mais os seus membros.   


Olhando uma tabela que encontrei entre meus guardados, lembrei-me dessa historinha da minha 1ª agulha quebrada e compartilho abaixo a tabela que sugere qual agulha, qual linha usar de acordo com os tipos de tecido. 


Espero que seja útil para vocês também.

Do livro "Novo Livro de Costura Singer"




Um comentário:

  1. Que historinha mais linda! Minha mãe tem até hoje uma máquina dessas - foi numa delas que aprendi a costurar o pouco que sei. Aliás, nesse tipo de máquina eu sei bordar (ponto cheio, rechilieu - com bastidor esticando o pano...). Mas eu esqueci a primeira agulha que quebrei (devo ter bloqueado de medo, até hoje me apavora quebrar agulha...). Quanto a cortar malhas: é realmente um pouco mais difícil do que cortar tecido plano. Os moldes são diferentes, eu costumo cortar ou no chão ou sobre a placa de isopor, prendendo com alfinetes prá não escorregar. E na hora de costurar tem que ter agulha especial, chamada ponta de bola. Ah, e tem que usar overloque ou, pelo menos, um ponto apropriado para malha. De resto é como costurar qualquer coisa. Compre uma malha baratinha, um retalho e você vai perder o medo fácil, fácil. Beijos.

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