Aos 10 anos eu brincava de costurar na máquina de minha mãe. No início era escondido pois não queria que ela brigasse comigo. A máquina era uma antiga Singer preta com desenhos dourados, embutida num móvel de madeira com gavetas cheias de linhas e bobinas, os pés eram de ferro fundido, com pedal e a correia escapava de vez em quando.
A máquina fora comprada para minha irmã mais velha (na época com 21 anos) que estava aprendendo a costurar numa escola perto de casa. Eu adorava ir junto nas lojas escolher tecidos, sentir o cheiro da tecelagem, o barulho da tesoura quando cortava a fazenda (era como se dizia na época) e depois , em casa, observava minha irmã moldando e costurando. Ela fez batas para mim e minha irmã mais nova e outras coisas mas, infelizmente, minha irmã não gostava das aulas de costura e em pouco tempo ela deixou de ir ao curso e de costurar.
Eu tentava costurar roupinhas para minha boneca Lucy - uma vintage do final dos anos 60 - usava sobras de tecido jogadas fora e fazia vestidinhos, calças e blusas para a boneca. Traçava o molde em volta dela, cortava, costurava à mão na maioria das vezes e algumas vezes usava a máquina. No começo não dava certo porque errava na modelagem até perceber que tinha que deixar margens para a costura.
Errando acabei aprendendo esse detalhe para nunca mais esquecer.
Imagem ilustrativa
Ano 1925, Violeta Trundle costurando com uma Singer
Um dia estava costurando à máquina e forcei até ouvir um crec...quebrei a agulha da máquina!!
Ahh!! a 1ª a gente não esquece!!
Na época eu não sabia o que aconteceu e pensava:
E agora? O que aconteceu? quebrei a máquina?
Não funcionará mais??
...E contei para minha mãe o que havia acontecido. Ela bronqueou ao mesmo tempo que trocava a agulha, o que para mim foi como fazer mágica!! Apesar da bronca, a minha alegria voltou afinal o "brinquedo" estava consertado porém recebi ordem de não mexer na máquina.
Por um tempo obedeci mas...depois voltei a usá-la porém com mais cuidado para não quebrar agulha e também não queria mais esconder de minha mãe. Conforme fui crescendo, outros rumos na vida foram surgindo, deixei de lado a boneca que brinquei até os 14 anos, larguei os tecidinhos e o brincar de costureira.
Hoje, lamento não ter guardado a boneca, nem as 1ªas roupinhas que fiz para ela e principalmente por não ter persistido nas costuras apesar de minha irmã abominar a costura (até hoje) e minha mãe, igualmente, não se interessar, deveria ter persistido por conta própria. Por isso, admiro quando alguém diz ter aprendido a costurar com a mãe, tia ou avó. Não sei se é somente impressão mas acho que costurar em família, ajuda a unir mais os seus membros.
Olhando uma tabela que encontrei entre meus guardados, lembrei-me dessa historinha da minha 1ª agulha quebrada e compartilho abaixo a tabela que sugere qual agulha, qual linha usar de acordo com os tipos de tecido.
Espero que seja útil para vocês também.
Do livro "Novo Livro de Costura Singer"